Como é possível libertar uma mente que prefere a escravidão como sistema de vida? Como se desencarcera alguém que tem a alma de escravo, em que a submissão cabe bem perante os dias, organiza as tarefas e traz o grau máximo de segurança?
Escravo se torna aquele que está preso a dogmas e convicções extremistas a respeito de si, a respeito do outro e tão escravo quanto é o que depende de aprovação, que necessita de opinião alheia, estando sob o poder absoluto de alguém, oferecendo-se como instrumento à autoridade de outra pessoa.
Para se reconhecer escravo, é fundamental viver simplesmente quase sem propósito ou sintonia com ao menos um objetivo, com aquilo que é passível de acontecer na vida se delineando com muita facilidade e sem imprevisibilidade.
Quem se torna escravo não busca decisões por si mesmo e deixa que se apague lentamente a sua razão vital; aos poucos também cada companhia se afasta, pois não é natural para quem é livre gostar da escuridão.
A escravidão é como sentir-se anestesiado, porém com o corpo e a mente travados em uma prisão autoconstruída. E, para garantir que não se fuja da sua própria sombra, alguns se acorrentam de forma a privar-se, depois de um tempo, de qualquer movimentação. É conhecido que quem não se movimenta, não sente as correntes, por outro lado, qualquer tentativa passadiça de livrar-se de tais elos, traz um ar de estranheza: o que mesmo você deseja e para onde quer ir?
Muitas vezes quem está atado em seus próprios calabouços não entendeu ainda que raios de sol podem decompor as correntes; que as renúncias à vida não precisam ser concludentes, já que todos chegam um dia ao fundo, sem volição para subir, sem interesse em expor-se ao sol.
Ao final de horas mórbidas, sem prazo de validade, quando a imobilidade foi o único desafio proposto, não é mais possível continuar parado, pois a alma berra para que se recobre a continuidade.
E depois de um certo tempo na masmorra faz-se imperioso sair lá fora, lá em cima, para saber se é dia ou se é noite.
Acho que chega de masmorra! Preciso ver se é dia ou noite! Adorei o texto! Bem eu… Bem muitos de nós..
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Sim, Ma, sempre é hora de sair do cativeiro. Obrigada pela visita. Beijos.
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A escravidão voluntária é realmente um dos temas humanos mais complexos, principalmente para quem se faz cativo de si mesmo.
Saudade da frequência dos seus textos e parabéns por mais um belo trabalho, Francine.
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Enjaular a si mesmo chega a ser quase criminal, não fosse já uma punição por si só. Estava por aí, mas voltei!!! Obrigada pela visita.
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