Uma nova apresentação

Apresentar-se nem sempre é profícuo, mas ainda assim me dou (e peço) essa licença para novamente me externar.

O nome é o mesmo, não o enfeitei e nem o colori com cores menos sóbrias. Francine, tantas vezes o julguei impronunciável e respondi baixinho, pelo receio do riso, do estranhamento, do mau entendimento. Poucos sabem que há um nome composto, com complemento a seguir: Stela. Mas vou me ater ao início, chamem-me Fran e responderei de imediato. Entendo quase como um convite para nos sentarmos a uma mesa, pedir um café duplo com um pãozinho na chapa (deixa pra lá a Nutella dessa vez) para acompanhar um papo sobre desatinos e muitos risos sobre quem a gente é de verdade.

Seguindo ainda na divulgação de mim mesma, sou um pedacinho de cada coisa que conquistei, esposa bem casada, mãe enlouquecida de amor, pediatra realizada, leitora encantada e aprendiz de escritora em projetos de mergulhar nas sombras sem nunca esquecer das luzes que nos definem. Há dias em que tudo isso é plenitude, mas assim como fases de lua, nem sempre os minutos se encaixam perfeitamente e olho para uma mulher ao espelho que se condena por ser tão incompleta, tão real num dia e irreal no outro. Chamo-me farsa, vestígio do que poderia ser, mas na maior parte das vezes, essa versão morre no reflexo e retorno ao que é possível ser, em meio a tantas de mim.

Tanta coisa me deixa contente: conversar, sorrir, trabalhar, estudar, observar, ouvir. E pensar, pensar e pensar, acendendo aquela chama antiga que me traz a certeza mais primordial de que me dou conta: sim, estou viva.

Não sou leve e fluida quase nunca, ao contrário, muitas vezes minhas ondas tudo arrastam ou me arrastam para longe e facilmente me encontro sozinha em alguma ilha e exploro seus limites sem data para regressar. Carrego para lá meus cemitérios pessoais e os eventuais desbalanços entre a melancolia e a depressão, mas ainda em meio às bagunças – que, em grande parte das vezes, sou eu mesma quem crio – volto calmamente, ajeitando as almofadas e tateando paredes frias em que eu possa me encostar, pisando solos férteis em que eu pretenda vez ou outra redesabrochar.

Já meio amarelecida pelo tempo, pois a ele ninguém resiste, retorno à palavra, com certa dose de impavidez e talvez pitadinhas suaves de entendimento e clareza de considerações e afetos. E te convido a pensar comigo, sonhar, subir e quedar o tanto de vezes que julgarmos necessário (e possível!), em um papo de Fran, papo de não saber, papo de nós inteiros. Me acompanha?

Um comentário sobre “Uma nova apresentação

Deixe um comentário